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Profissionais de saúde mental reivindicam que os remédios para o tratamento do TDAH, o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, sejam oferecidos gratuitamente pelo SUS. Atualmente, o tratamento oferecido pela rede pública de saúde é exclusivamente a psicoterapia.
O TDAH é um distúrbio neurobiológico de causas genéticas caracterizado por três sintomas principais: desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Embora seja mais associado à fase do desenvolvimento infantil, o transtorno também pode ser diagnosticado em adultos. No Brasil, pode afetar até 7% da população, de acordo com o Ministério da Saúde.
A questão será debatida em audiência pública na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (5). A psicóloga e presidente da Associação Brasileira de Déficit de Atenção com Hiperatividade, Iane Kestelman, espera que a audiência contribua para que a demanda seja finalmente acolhida:
“a nossa grande preocupação é que a população de alta renda consegue tratar, mas a população menos favorecida fica à margem. E essas substâncias são utilizadas no tratamento de TDAH com muita segurança. Inclusive o NHS, que é o sistema de saúde inglês, no qual o Sus se baseou, faz o tratamento de TDAH, com a dispensação dessa medicação gratuita pra população.”
Ela acrescenta que os medicamentos para TDAH muitas vezes são caros, por isso o fornecimento pelo SUS é tão necessário.
“Alguns deles chegam a custar, dependendo da substância, R$ 300 a caixa”.
Em 2022, o Ministério da Saúde publicou um novo protocolo para tratamento de TDAH no SUS mas seguiu a recomendação, da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias, negativa para a adoção dos medicamentos. A Conitec avaliou que as evidências sobre a eficácia e a segurança desses remédios são baixas, diante do seu custo orçamentário. Mas profissionais de saúde mental questionam a decisão.
De acordo com a psiquiatra Fabricia Signorelli o remédio é de grande importância para o tratamento do transtorno:
“o TDAH é um transtorno que tem toda uma questão biológica. Então os estudos mostram a necessidade de repor neurotransmissores e isso só vai ser oferecido através do tratamento medicamentoso. Os melhores resultados são quando o paciente tem a medicação associada ao tratamento de psicoterapia.”
Signorelli é especialista no Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Ela explica que o transtorno pode afetar diversas áreas da vida do paciente:
“escolaridade, taxa de desemprego, problemas conjugais, acidentes de modo geral em todas as faixas etárias”.
A jornalista Luana Ibelli foi diagnosticada com TDAH em 2020, e precisou usar remédio por cerca de dois anos. Hoje, ela fala abertamente sobre esse e outros assuntos em redes sociais, para conscientizar sobre a importância do tratamento. Para ela, os benefícios da medicação são muitos:
“o remédio é um elemento muito importante no tratamento do TDAH, além da terapia, porque ele deixa a nossa vida muito mais leve. No meu caso, com o remédio, eu sentia uma clareza mental, eu sentia que eu conseguia fluir melhor entre as diversas atividades e demandas diárias. Eu acho que seria muito importante contar com esse tratamento no SUS”.
A Associação Brasileira do Déficit de Atenção ressalta ainda que o TDAH é amplamente reconhecido por especialistas e pela Organização Mundial de Saúde como um problema de saúde pública.
O Ministério da Saúde foi procurado mas não respondeu até o fechamento da reportagem.
elianeg
Fonte: Agencia Brasil.
Wed, 05 Jun 2024 21:53:32 +0000