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Especialistas explicam a migração de jacarés para igarapés durante a seca extrema em Rondônia
A seca extrema que assola a região Norte do Brasil está afetando não apenas os seres humanos, mas também a fauna local. Diversas espécies de animais estão sendo forçadas a buscar abrigo onde podem encontrar água e alimento. Um exemplo impressionante disso foi capturado em um vídeo feito por um morador do Baixo Madeira, em Porto Velho, que mostra uma grande quantidade de jacarés aglomerados em um igarapé dentro da Reserva Extrativista (RESEX) Lago do Cuniã.
De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), durante o período de estiagem, quando ocorre a seca de alguns lagos da RESEX, é comum que esses animais migrem para áreas que ainda contenham água, como os igarapés. Nas imagens é possível ver o momento em que um pescador navega pelo igarapé e se depara com vários jacarés submersos na água.
Segundo informações do ICMBio, os jacarés mostrados no vídeo são das espécies açu e jacaretinga e têm entre 30 e 40 anos de idade. Embora seja impressionante ver tantos animais juntos, o analista ambiental do ICMBio, Cristiano, explica que esse comportamento é completamente normal durante o período de seca. A população dessas espécies está em equilíbrio.
Para garantir o manejo sustentável dessas espécies, o ICMBio liberou, em 2020, a prática do abate de jacarés na Reserva. O objetivo é manter o equilíbrio da cadeia alimentar, gerar renda e garantir a segurança dos moradores, especialmente dos pescadores. A cota anual para o abate começa após o mês de agosto e se aplica apenas aos machos, sendo de no máximo 70% para a espécie Jacaré-açu e 30% para Jacaré tinga. A carne dos animais abatidos é vendida em seis tipos de cortes.
No entanto, em 2023, não houve abate dessas espécies devido a problemas internos na Cooperativa de Pescadores, Aquicultores, Agricultores e Extrativistas da Reserva Extrativista do Lago do Cuniã (COOPCUNIÃ), responsável pela regularização e licenciamento ambiental do frigorífico. O ICMBio esclarece que a ausência do abate neste ano não resulta em uma superpopulação de jacarés, pois a espécie se mantém estável, independentemente do projeto de manejo.
A Reserva Extrativista do Lago do Cuniã foi criada em 1999 e está localizada no município de Porto Velho, a cerca de 130 km da área urbana da cidade. Trata-se de uma unidade de conservação do Governo Federal voltada para o uso sustentável dos recursos naturais. A reserva é habitada por famílias que dependem da pesca, agricultura, extrativismo e manejo do jacaré.
Com a migração desses animais para os igarapés durante a seca extrema, é importante que os órgãos responsáveis continuem monitorando a situação e tomando medidas para garantir a preservação das espécies e o equilíbrio ambiental na região.